Anabolizantes

GH – (Hormônio do crescimento)

O enfoque deste artigo é o uso do GH com fins estéticos e desportivos. Terapeuticamente este hormônio pode ser muito valioso, cabendo ao médico decidir como e quando recorrer a esse recurso***
Todos sabem dos supostos atributos do GH, basta abrir qualquer revistinha dessas e ler a lista. Mas afinal de contas o que realmente é comprovado sobre o GH? Será que os achados científicos apóiam a bajulação em torno deste hormônio? E (a pergunta de sempre) será que vale a pena pagar o preço?

Antes de iniciarmos o estudo, recomendo cuidado na interpretação das pesquisas, sabemos que o hormônio do crescimento pode levar a mudanças em diversos tecidos, incluindo muscular, articular e ósseo. Quando se verifica um aumento na massa magra, significa que houve aumento em algum dos componentes do seu corpo que não seja gordura, incluindo aí todos as estruturas antes referidas, portanto aumento de massa magra não significa necessariamente aumento de massa muscular. Quanto a este equívoco (talvez propositalmente induzido pela industrias farmacêuticas) o médico Michael Mooney, respeitada autoridade em preservação muscular e HIV, desafiou uma empresa produtora de GH:
“Ressalto que o único estudo de Serotostim (nome comercial do GH da empresa) que incluiu uma avaliação crítica das mudanças no tecido muscular usando MRI (ressonância magnética) não mostrou nenhuma alteração. Todos os demais usaram análise de impedância bioelétrica, a qual mede a massa corporal magra, mas não pode medir com segurança as mudanças musculares.
Na Terceira Conferência Internacional de Nutrição e Infecção por HIV, em Cannes, França, abril de 1999, Donald Kotler, médico de St. Lukes-Roosevelt Medical Center de Nova York, reportou os resultados de um estudo de 6 meses com o hormônio do crescimento Serostim.
Os resultados do Dr. Kotler mostraram que 6 mg de Serostim por dia não promoveram aumento significativo no tecido muscular durante as 12 semanas em que os dados de repetidas MRI de 8 pacientes estavam disponíveis. Muitos outros estudos com diversas populações HIV-negativas também não mostraram melhoras aparentes no tecido muscular”
Feita esta oportuna observação continuaremos com o que interessa. A partir de 1985, com a facilidade de se obter o GH sinteticamente através da recombinação do DNA humano, cientistas do mundo todo dedicaram inúmeras pesquisas ao uso terapêutico deste peptídeo, principalmente em idosos e HIV-positivos.
IDOSOS
Inicialmente os experimentos foram direcionados a pacientes debilitados. Como em 1999, quando KIM et al observaram os efeitos lipolíticos e anabólicos do tratamento com hormônio do crescimento mesmo com restrição calórica, os pesquisadores também analisaram as mudanças na secreção de insulina e GH. Com uma dieta de 25 kcal/kg e 1,2 g/kg de proteína por dia, os pacientes recebiam ou hormônio do crescimento ou placebo. O grupo experimental obteve perda de peso 1,6 vezes maior que o controle, o qual perdeu massa magra (média de 2,62 kg) e apresentou balanço nitrogenado negativo. As injeções de hormônio do crescimento aumentaram as quantidades de IGF-1 e induziram a perda de gordura visceral. Não houve alteração na liberação de insulina no teste de tolerância a glicose.
Vimos na primeira parte do artigo (GH – atuação) o possível funcionamento do eixo GH/IGF-1, muito se fala da importância deste eixo nas adaptações ao treino de força, justamente procurando verificar esta importância TAAFFE et al, (1994) realizaram um estudo onde os pacientes praticavam musculação por 14 semanas e em seguida recebiam ou GH humano recombinado (0,02 mg/kg/dia) ou placebo durante as 10 semanas seguintes de treinamento. Foram medidas a força máxima, composição corporal e níveis séricos de IGF-1. Inicialmente, as quantidades circulantes de IGF-1 eram baixas nos dois grupos (106 mcg/L, aproximadamente metade do correspondente a jovens saudáveis). Com o tratamento de GH houve aumento de cerca de 100% na quantidade de IGF-1 sérico, ao contrário do grupo controle (218mcg/L contra 119mcg/L), porém não houve influência positiva na força. Apesar da diminuição da massa de gordura e aumento na massa magra nos pacientes tratados com GH, não houve aumento significativo na força.
Outro estudo feito em idosos concluiu que o uso do GH (0,02mg/kg/dia) não provoca aumento na hipertrofia muscular, indo contra a hipótese de que a deficiência no eixo GH-IGF seja causadora de menores respostas ao treinamento em idosos. (TAAFFE et al, 1996).
Os resultados do experimento de YARASHESKI et al (1995) apontam que o treino com pesos aumenta a força e o anabolismo em idosos, porém não há influências positivas do GH nestes resultados, sendo os ganhos de massa magra possivelmente advindos de aumento das proteínas não contráteis e retenção de fluídos. A pesquisa de 16 semanas foi feita em idosos, e incluía musculação (4 x semana) e doses diárias de 12,5 a 14 mcg/kg/dia de GH ou placebo. O interessante é que a administração do hormônio causou, tanto aumento no anabolismo quanto no catabolismo protéico, com os ganhos de força e valores líquidos de síntese protéica sendo similares em ambos os grupos.
Os mesmo YARASHESKI participou em 1997 de outra pesquisa desanimadora para os fãs do GH, agora questionou-se a relação do tratamento com GH (12,5 a 18 mU/kg/dia) na densidade óssea. Neste estudo de 16 semanas aliou-se a administração de GH a exercícios físicos, as variáveis medidas foram a composição corporal, densidade óssea e os níveis séricos de IGF-1. Tanto o grupo que recebeu, quanto o que não recebeu hormônio aumentaram de maneira similar a massa magra, apesar do grupo experimental ter maiores aumentos nos níveis séricos de IGF-1 após o treino. As melhoras na densidade óssea foram semelhantes em ambos os grupos, sugerindo maior turnover ósseo, sem acúmulo de mineral.
HIV-POSITIVOS
Outro grupo onde os efeitos do GH foram bastante estudados é o de portadores do vírus HIV. Nesta linha, SCHAMBELAN et al (1996) avaliaram os efeitos a longo prazo do tratamento com hormônio do crescimento no peso e composição corporal, além da performance funcional. O grupo experimental recebeu 0,1 mg/kg/dia durante doze semanas e o outro grupo recebia apenas placebo. O tratamento com hormônio do crescimento ocasionou ganho de peso e massa magra, com diminuição na massa de gordura, ao contrário do grupo controle, que não teve diferenças relevantes nos resultados.
Como o tratamento prolongado de hormônio do crescimento sai muito dispendioso, PATON et al (1999) direcionaram um experimento ao uso de GH coincidindo com a presença de infecções oportunistas durante duas semanas, onde o objetivo era reduzir a perda de massa muscular em HIV-positivos. Nos pacientes tratados com GH o catabolismo se mostrou 60% menor, com aumento médio de 2,2kg na massa magra e diminuição de 0,7 kg de gordura. Os autores apresentam este tipo de intervenção como relativamente segura e eficiente, com um menor custo financeiro, visto que a terapia só é realizada em períodos curtos.
Mas nem todos os resultados foram animadores, um estudo de 1996 tratou pacientes em estados catabólicos crônicos com rhGH (1,4mg/dia), rhIGF-1 (5 mg 2vezes por dia), ou ambos. Todos os grupos tiveram aumento na massa magra e diminuição na massa de gordura, porém os ganhos foram muito inconstantes e instáveis, levando a conclusão de que as drogas e doses testadas não são recomendadas (WATERS et al, 1996). Mais um estudo nesta linha é o de MOONEY (1999), onde se usou cerca de 6 mg/dia de GH em pacientes portadores do vírus HIV. Ao final das 12 semanas não houve mudanças positivas na musculatura esquelética. Com base em conclusões similares WELLE, (1998), afirma que os efeitos anabólicos do tratamento com GH a longo prazo não justificam a abundante terapia de reposição hormonal.
JOVENS
Mesmo em pacientes jovens com deficiência de GH, nem o uso deste hormônio, nem o de IGF-1 causaram aumentos na força. Apesar de ocorrer aumento na massa magra e redução do percentual de gordura em ambos os casos, o tratamento com GH provocou a maior perda de lipídios, além de diminuição na oxidação de carboidratos e aumento das concentrações de glicose e insulina indicando resistência súbita a esse hormônio. Nem o IGF-1 nem o GH afetaram os fluxos de cálcio, confirmando a hipótese de que nenhum deles é pivô no metabolismo ósseo deste mineral (MAURAS et al, 2000)
Muito bem, já vimos que o uso de hormônio do crescimento para promover aumento de massa muscular em pacientes debilitados é questionável, só isso já seria suficiente para desencorajar o uso deste hormônio em indivíduos saudáveis (se não aumenta massa muscular em estados catabólicos extremos que dirá em organismos normais!!). Ainda assim, acho interessante ressaltar evidências diretas como estudos de YARASHESKI et al, (1992); YARASHESKI et al, (1993) e DEYSSIG, et al, (1998).
YARASHESKI et al (1992) realizaram um experimento para avaliar o efeito do tratamento de GH (40 mcg/kg/dia) no anabolismo muscular associado ao treinamento com pesos durante 12 semanas. Ao final do estudo os autores concluíram que o ganho de massa magra proveniente do tratamento com GH é principalmente devido ao aumento de outros tecidos, que não muscular, portanto o uso deste hormônio não aumenta o anabolismo muscular resultante do treinamento com pesos. O mesmo YARASHESKI, juntamente com outros autores, publicou outra pesquisa no ano seguinte com o mesmo objetivo: avaliar a influência do GH (40 mcg/kg/dia) no anabolismo muscular, só que agora foram verificados os efeitos agudos (14 dias) em levantadores de peso experientes. Novamente os valores de IGF-1 aumentaram (224 para 589 ng/ml) e mais uma vez não houve influência positiva no anabolismo.
O estudo de DEYSSIG foi feito em atletas (0,09 UI/kg;dia), e os autores tiveram o valioso cuidado de controlar o uso de esteróides anabólicos. O GH elevou as concentrações séricas do próprio hormônio, de IGF-1 e da proteína transportadora de IGF-1, além de aumentar a taxa de insulina em jejum e diminuir a da tiroxina. Porém, não houve ganho de força nem melhora na composição corporal, conclusão: os efeitos anabólicos e lipolíticos do tratamento com GH podem depender da massa gorda e da deficiência na produção deste hormônio, sendo ineficiente no caso de jovens saudáveis.
CONCLUSÃO
Apesar de toda propaganda exaltando o GH, não existem justificativas para o uso estético desse hormônio, é incompreensível que a mídia e demais pessoas propaguem tais idéias sobre uma substância ineficiente e demonizem, outros hormônios como os derivados da testosterona. A verdade é que o tratamento a base de esteróides anabólicos, parece ser tão, ou mais, eficiente e segura que a terapia com GH, além é claro, da inegável vantagem econômica.
Como foi visto o eventual aumento de massa magra relacionado ao uso de GH, pouco tem a ver com hipertrofia do tecido muscular, o efeito verificado com mais freqüência é a redução no tecido adiposo, além de relatos isolados de melhora na pele, porém a maioria dos ganhos provenientes da terapia de GH podem ser obtidos com facilidade através de práticas alternativas, as quais dificilmente chegarão às cifras gastas com o GH (mais de 2.000 reais por mês). Outro aspecto a se ressaltar é a freqüente insignificância dos ganhos de força, para muitos isso é mais uma indicação de que não houve aumento nas proteínas contráteis, creio que isto seja outro ponto contra o uso de GH pelo simples fato do aumento de massa magra não acarretar melhoras funcionais no aparelho locomotor, o que deveria ser um aspecto importante de qualquer terapia ou treinamento físico, mesmo com fins estéticos.


Durateston

A durateston é um anabolizante a base de 4 compostos diferentes de testosterona. Sendo pioneira no mercado, a durateston foi a primeira droga que continha vários tipos de testosterona na sua composição. A durateston é um medicamento indicado para reposição hormonal em pacientes masculinos com distúrbios. Certos casos de osteoporose masculina também podem ser combatidos com a medicação de durateston.
durateston
Porém, o composto ficou muito popular nas academias, utilizado para ganho de massa muscular e queima de gordura nos músculos. A durateston ficou famosa pela sua poderosa composição. Os quatro compostos de testosterona atuam em diferentes ciclos de vida, ou seja, têm diferentes tempos de atuação no corpo.
As testosteronas presentes na solução injetável são:
  • Decanoato de testosterona 100 mg
  • Fenilpropionato de testosterona 60 mg
  • Isocaproato de testosterona 60 mg
  • Propionato de testosterona 30 mg
Esta é a composição é a mais comum encontrada no mercado. Pode ser encontrados soluções fora do Brasil com apenas 3 testosterona diferentes.

Efeitos da durateston

A grande popularidade da durateston está nos detalhes da sua atuação no corpo. A sua grande capacidade de aumento de massa muscular pode ser explicada na ação da testosterona. Como citado anteriormente, esses vários tipos de testosterona agem de maneira a prolongar a atuação da droga no organismo. Enquanto algumas têm o ciclo curto, ou seja, agem num curto tempo e conseguem resultado muito rápido, outras têm a função de prolongar os efeitos conquistados.
Outra particularidade é o aumento da força dos músculos, além do ganho de massa muscular. Alguns esteróides anabolizantes conseguem excelentes resultados no aumento de massa, porém esse aumento é relativo e se dá com base na retenção de líquidos nos músculos. Esse efeito é chamado popularmente de “inchar” nas academias. A pessoa está inchada significa que seus músculos cresceram, porém de maneira muito artificial, com a retenção de líquidos e sem ganho efetivo de massa e força muscular. Esse efeito é mínimo com a durateston.
A durateston promove a diminuição da gordura no organismo. Através do efeito da testosterona há uma sensível diminuição da taxa de gordura.
Ao nível das reações extra e intracelulares, podemos elencar várias efeitos interessantes.
O efeito de aumento de massa muscular é devido ao claro sinal que a testosterona envia para as células. Células, armazenem a máxima quantidade de proteína possível. Esse armazenamento de proteínas é considerado o efeito anabólico primário.  Porém, a durateston pode ser considerada uma droga anticatabólica também. Ela evita a o catabolismo celular. Resultado, tem-se uma grande mudança nas células das fibras musculares.
  • aumento do tamanho de cada célula
  • mudança da forma da fibra muscular
  • hiperplasia, ou seja, aumento da quantidade do número de células

Efeitos colaterais da durateston

A possibilidade de efeitos colaterais durante o uso de durateston é extremamente alta. Para promover o rápido aumento da massa muscular, a durateston atua de forma muito forte na estrutura dos músculos, de forma a ativar o receptor androgênico. Essa forma de atuação “dispara” inúmeros efeitos colaterais da durateston.
Em usuários que utilizam a durateston por tempos prolongados, a queda de cabelo pode ser acelerada. Podem surgir acne, perda do apetite sexual.
Na parte sexual, os homens podem ter ginecomastia, o aumento das glândulas mamárias. Um dos efeitos colaterais mais graves é o efeito na próstata. A próstata pode ter uma hipertrofia, podendo assim causar câncer. Ainda nos homens, pode haver aumento desproporcional dos testículos. Nas mulheres podem haver alterações maléficas no clitóris.
É importante observar que a durateston não deve ser utilizada por mulheres.
A durateston apresenta vários efeitos colaterais. Pode-se destacar o aumento da agressividade da pessoa.


Deposteron

Deposteron é um medicamento injetável e tem como principal substância, o cipionato de testosterona. A testosterona, como todos sabem, é uma substância altamente andrógena, com importantes funções nas características sexuais masculinas.
Além, desse fator sexual, a testosterona atua também como um anabolizante essencial na puberdade masculina. Ela é responsável pelo crescimento do corpo, na massa óssea e na fortificação dos grandes ossos do corpo humano.
Deposteron
Já citamos que a Deposteron tem como princípio ativo o cipionato de testosterona. No formato de cipionato, a testosterona adquiri uma importante propriedade: a ação no corpo se torna mais lenta, ou seja, os efeitos são sentidos por um tempo maior, um efeitos mais prolongado.
Na bula do medicamento, há a advertência de que a utilização para ganho de massa, ganho de força ou para qualquer outra situação atlética é totalmente desaconselhada. Porém, a utilização desse remédio na prática da musculação é grande no Brasil, segundo se observa em vários sites e fóruns brasileiros.
As indicações principais da Deposteron é quando o paciente tem problemas de insuficiência testicular congênita ou adquirida após o nascimento. Em alguns pacientes, se observa uma certa lentidão de crescimento na adolescência, onde se pode indicar o cipionato de testosterona dependendo do caso.
Aceita-se a utilização dessa droga em pacientes crianças somente em casos muito particulares, já que a utilização de Deposteron pode agir de maneira perigosa no crescimento do organismo.
A Deposteron também pode ser utilizada com pacientes com certos tipos específicos de anemias e na forte desnutrição em pacientes com idade avançada.
As contra-indicações são basicamente para pacientes cancerígenos, gravidez, crianças em geral, doenças hepáticas e problemas do coração.
Não confunda esse medicamento com a similar Durateston.
Veja aqui a bula da Deposteron
Os efeitos colaterais da Deposteron são vários e essas reações adversas devem ser observadas por um profissional da medicina.
Podem ocorrer doenças graves hepáticas, diarreias, náuseas. No local do corpo utilizado para a aplicação da injeção das ampolas, pode haver infecção, vermelhidão, dores e até irritação. Em casos raros, pode haver atrofia testicular e várias complicações intestinais. Em casos extremos, doenças relacionadas a ansiedade podem ocorrer, como: depressão, transtornos de ansiedade e dificuldade do sono.
Há ainda possibilidade de doenças sexuais, como a impotência e alterações da libido. Procure um médico para saber mais sobre a Deposteron. O ciclo de utilização da Deposteron deve ser indicado pelo seu médico, já que o tratamento dura meses e as aplicações geralmente são quinzenais ou mensais, dependendo do caso e do paciente.
É desaconselhado o uso de doses acima do recomendado.





Acetato de Trembolona

As Características

Tempo de ação: 2-3 dias
Dosagem relatada: 200-700mg por semana
Aromatiza: não
Converte-se em DHT: não
Acne: sim
Retenção hídrica: não
Pressão Alta: sim
Inibe o eixo HPT: sim, muito
Hepatotóxica: não
Nefrotóxica: não

A História
O primeiro contato dos culturistas com a trembolona aconteceu nos anos 80, através do medicamento de uso veterinário chamado Finajet, distribuída nos Estados Unidos e Europa, e produzida pela empresa Hoechst and Roussel, que hoje faz parte da Sanofi-Aventis. Vendida em bujões de 50ml (!!!) e concentração de 30mg/ml, logo essa droga virou sucesso, sendo considerada como a droga perfeita para ciclos pré-competição. Porém em 1988 a Hoechst and Roussel retirou o Finajet do mercado, acabando com a oferta de trembolona por alguns anos e criando o cenário perfeito para moldar a reputação dessa droga. O forte impacto causado entre aqueles que usaram somado à impossibilidade de consegui-la fez da trembolona um mito. Quando ela reapareceu no mercado, agora sob o nome de Finaplix, a demanda era enorme.

O Finaplix era comercializado na forma de pequenas bolotas para implante bovino. As bolotas eram implantadas no gado para que a droga fosse absorvida mais lentamente. Apesar da apresentação desfavorável do Finaplix, muitos usuários se superaram, sendo tão brilhantes quanto corajosos. Nesta época se tornou prática comum transformar as bolotas em pó (amassando-as) e então diluir o pó em água ou óleo afim de criar uma solução que pudesse ser injetada. Obviamente, no início de tudo, poucos contavam com ambiente e conhecimento técnico suficientes para preparar uma solução estéril. Outra forma de se utilizar o Finaplix era transformar as bolotas em pó e misturar este pó à uma solução contendo metade água e metade DSMO (veículo para aplicação transdermal), fazendo com que a droga fosse absorvida pela corrente sanguínea com perdas de 10% a 25% após aplicada a solução sobre a pele. Esta também não é uma prática sem riscos, já que permite que muitas toxinas presentes na pele entrem na corrente sanguínea também. Ainda assim, também existiram - ou quem sabe existam até hoje em dia - aqueles que inalavam o pó (sim, como se fosse cocaína) ou que injetavam as bolotas direto no glúteo (sim, como se fossem gados), sem falar daqueles que afirmam categoricamente que as bolotas de Finaplix são próprias para a absorção retal (mais uma vez sim, como se fosse supositório!!!). O Finaplix continua a ser vendido hoje em dia nos Estados Unidos, bem como kits contendo todo o material necessário para conversão das bolotas em produto final para aplicação totalmente esterilizado. No Brasil, muitos laboratórios underground fornecem esta droga, geralmente em bujões de 10ml contendo entre 70mg e 110mg por ml.

Os Efeitos
Apesar de ser um derivado direto da nandrolona, não se deve confundir os efeitos dessas duas drogas. Estruturalmente a diferença entre os dois esteróides são as ligações duplas presentes na molécula da trembolona nos carbonos 9 e 11, ligações essas que não estão presentes na molécula de nandrolona. Essas ligações duplas são responsáveis pela diferença nos efeitos das duas drogas, especialmente a ligação dupla situada no carbono 9, que impede que a molécula de trembolona seja convertida em estrógeno pela enzima aromatase, diferente da nandrolona que apesar de ser um substrato fraco para essa enzima, pode aumentar os níveis de estrógeno durante o uso.

Sem os colaterais estrogênicos (como retenção hídrica, rápido acumulo de gordura, diminuição na lipólise) e sendo um potente andrógeno a trembolona é uma ótima escolha para os ciclos de definição. A ação androgênica da trembolona é muito mais forte que da nandrolona - na verdade ela é muito mais androgênica que a própria testosterona (4) - por dois motivos. Em primeiro lugar, a trembolona se fixa muito bem aos receptores androgênicos, sendo esta uma característica das 19nor. As ligações duplas nos carbonos 9 e 11 aumentam a fixação da molécula de trembolona nos receptores androgênicos (2), tornando-a um agonista mais potente que a sua droga mãe. Depois, e ainda mais importante, a trembolona não é reduzida pela enzima 5-alfa-reductase (1), isso faz com que ela entre nas células de vários tecidos com o mesmo poder de fixação que entra nas células musculares. Isso explica o porque da nandrolona (que é reduzida pela 5-alfa-reductase) ser bem menos androgênica.

Assim como as células musculares, as células de gorduras também possuem receptores androgênicos (5), e sendo a trembolona um forte agonista desses receptores, é responsável pela excepcional queima de gordura que já é bem conhecida entre os seus usuários e comprovada em estudos científicos (3)(6). Ao que tudo indica, quanto mais forte o andrógeno se liga aos receptores, maior é a queima de gordura (6). No entanto é válido observar que a perda de gordura proporcionada pela trembolona não ocorre quando ela está competindo com estrógeno circulante (3), que é um metabólito usual de drogas como metandrostenolona e testosterona. Some a isso o aspecto muscular sólido e compacto decorrente da forte ação androgênica da trembolona e entendemos porque muitos culturistas a consideram indispensável em um ciclo de cutting. Como muitos autores e usuários, acredito também que não exista droga melhor para esta finalidade.

No entanto não devemos relegar a trembolona aos ciclos de cutting e esquecer suas propriedades anabólicas. Quando se fala em construção muscular, muitas vezes vemos a trembolona ser colocada lado a lado com drogas como a testosterona e a metandrostenolona, porém esta é uma comparação falha. O fato de não se converter em estrógeno tem influência negativa sobre os resultados, uma vez que o estrógeno também é esteróide com propriedades anabolizantes, agindo diretamente nos mecanismos de utilização de glicose pelo músculo, na produção de GH e IGF-1, e na proliferação de receptores andrógenos (7)(. No entanto, se compararmos miligrama por miligrama, a trembolona certamente proporciona mais músculos que a nandrolona ou qualquer outra droga que não tenha ação estrogênica. Assim, o que podemos esperar quando usamos apenas trembolona são ganhos razoáveis de massa muscular, com ótima qualidade e mantidos facilmente.

Os mecanismos pelos quais a trembolona promove a construção muscular ainda não são entendidos na íntegra, porém vale enumerar aquilo que já conhecemos sobre eles. Como você deve imaginar, a trembolona aumenta a retenção de nitrogênio no organismo (9), o que significa mais material para a formação de músculos. A trembolona também aumenta a proliferação e maturação das células satélite, como resultado do aumento da sensibilidade dessas células ao IGF-1 (10). Sinergicamente, ela também aumenta a liberação do próprio IGF-1 (11). Com grande efeito sobre a força e recuperação dos músculos pós-treino, a trembolona promove aumento na síntese de glicogênio e fosfocreatina (.

Do outro lado da equação, a trembolona combate os efeitos do cortisol em vários níveis, atuando como um inibidor deste hormônio (12), bloqueando seus receptores (13) e alterando-os durante e após o seu uso (14). Isso significa que mesmo depois de encerrada a administração
de trembolona você ainda contará com menor atividade catabólica. Isso explica em partes o porque dos resultados obtidos com esta droga serem mantidos com maior facilidade do que aqueles obtidos com outras drogas.

O Uso
A trembolona é uma droga muito versátil, podendo ser colocada em praticamente qualquer ciclo, independente do objetivo. Como já dito anteriormente, a trembolona sozinha é uma droga fantástica para ciclos de definição. Porém, quando outras drogas muito androgênicas e sem ação estrogênica (como a drostonolona) são utilizadas em conjunto os resultados são muito mais visíveis. A medida que a relação andrógenos/estrógenos aumenta, a presença de líquido subcutâneo diminui, favorecendo ainda mais a definição e a queima de gordura. Drogas mais anabólicas, como o estanozolol, também se encaixam bem para este objetivo ou mesmo para ciclos em que o objetivo é ganhar massa magra com pouca ou nenhuma retenção hídrica.

Alias, o estanozolol tem se mostrado uma ótima combinação para a trembolona por dois motivos. Em primeiro lugar, a trembolona é um agonista dos receptores de progesterona (mais sobre este assunto a seguir) e o estanozolol age no sentido contrário, como um antagonista destes mesmos receptores. E depois, a trembolona como já sabemos se liga com muita força aos receptores androgênicos, promovendo assim os efeitos mediados por esta ligação. Já o estanozolol se liga de maneira muito fraca aos receptores androgênicos, exercendo sua ação majoritariamente por outras vias que não a dos receptores. Apesar deste tipo de ação ainda não ser bem compreendido já se sabe que ele existe. Assim, quando trembolona e estanozolol se encontram em um mesmo ciclo, você conta com ação nos dois sentidos: mediados e não mediados pelos receptores androgênicos.

Se o objetivo é ganhar massa muscular sem muita retenção hídrica, drogas que possuam pouca ação estrogênica são as escolhas ideais. Entre elas estão o propionato de testosterona e a boldenona. A presença de quantidades controladas de estrógeno irá favorecer o anabolismo sem prejudicar tanto a qualidade muscular. Estas drogas ainda podem ser utilizadas em um ciclo de definição, desde que utilizada em conjunto com um inibidor de aromatase afim de reduzir/eliminar a conversão em estrógeno.

Quando o que se deseja é ganhar muito volume, drogas como enantato ou cipionato de testosterona, oximetolona ou metandrostenolona irão adicionar a ação estrogênica necessária para obter grandes resultados, porém sem contar com muita qualidade muscular.


Os Colaterais
Mesmo não sendo atingida pela enzima 5-alfa-reductase, que normalmente reduz os esteróides à formas mais androgênicas, a trembolona por si só é capaz de produzir efeitos colaterais desta natureza, como pele oleosa, acne, queda de cabelo e hipertrofia da próstata. Comparando o valor androgênico da testosterona (100) e da trembolona (500) fica mais fácil entender porque a redução não é necessária para que estes colaterais se manifestem, de forma que o uso de finasterida para evitar alguns desses colaterais é ineficaz. Ainda sobre os colaterais androgênicos, a trembolona pode induzir os usuários a se comportar de forma agressiva. Este colateral costuma ser relatado em sua maioria por pessoas que estão sob os efeitos da trembolona durante longos períodos e com doses excessivas. Apesar de este ser considerado por alguns um efeito colateral, outros se beneficiam desta agressividade aplicando-a durante o treino para aumentar o desempenho. Por certo você já percebeu que os pesos costumam ficar mais leves quando você vai treinar depois de uma briga com a patroa ou quando alguém consegue te tirar do sério a caminho da academia (neste ponto sempre encontramos uma pessoa disposta a ajudar!).

Quanto aos colaterais estrogênicos a preocupação deve ser mínima. A trembolona não é convertida em estrógeno, logo não induz efeitos colaterais como ginecomastia, retenção hídrica ou ganho acelerado de gordura por esta via. Então porque a preocupação deve ser mínima e não nula? A molécula de trembolona (assim como a nandrolona) é parecida com a molécula de progesterona, sendo capaz de se ligar aos seus receptores (15)(16). Um efeito conhecido da progesterona é a sua capacidade de potencializar os efeitos do estrógeno (17). Assim, o cuidado deve ser redobrado quando a trembolona é usada em conjunto com outra droga de ação estrogênica. A progesterona, tecnicamente, é capaz de induzir por si só efeitos colaterais estrogênicos, porém quando a trembolona é usada sem a presença de estrógeno raramente é associada à retenção hídrica, e mais raramente ainda à ginecomastia e acumulo de gordura acelerado. Apesar de não existirem estudos comprovando que a ação progestênica da trembolona por si só é incapaz de produzir colaterais estrogênicos, as evidências apontam nesta direção. Mesmo sendo a progesterona um estrógeno, seus receptores também mediam alguns efeitos androgênicos secundários. Drogas como a trembolona, nandrolona e estanozolol parecem ativar estes efeitos quando se ligam aos receptores da progesterona, podendo causar perda de libido e disfunção erétil (, sendo o estanozolol muito mais brando quanto a este efeito se comparado às drogas da família 19-nor. Em todo caso, existem drogas que podem ser utilizadas em conjunto para combater o efeito progestênico da trembolona, como o estanozolol e o citrato de tamoxifeno que agem como leves antagonistas dos receptores de progesterona. Para uma ação anti-progestênica mais eficaz existem também outras duas opções, que são o fulvestrante e a droga conhecida por RU-486 (pílula abortiva), porém essas duas drogas também possuem seus efeitos colaterais, são muito caras e de difícil acesso.

A trembolona inibe a produção endógena de testosterona. Apesar de não se converter em estrógeno, que o maior vilão quando o assunto é inibição do eixo HPT, o poder androgênico da trembolona suprime o eixo hormonal muito rapidamente. Como todos os esteróides sexuais tem efeitos negativos sobre o eixo, não podemos eliminar a ação progestênica da trembolona sobre este colateral.

Em muitos lugares se comenta sobre a nefrotoxidade da trembolona, no entanto não existem evidências que confirmem este colateral. Ao que parece o rumor sobre este colateral se originou graças a coloração da urina que costuma ficar mais escura, normalmente em um tom de cor entre o laranja e o marrom. Porém isto não acontece por sobrecarga renal e sim devido à molécula de trembolona sofrer pouca alteração antes de ser excretada, e assim modificando a cor natural da urina. Já notou que a trembolona tem a cor mais escura que as outras drogas? E que a cor da urina fica bem parecida? A urina costuma ficar muito escura quando a trembolona é usada em doses excessivas, o que assusta os usuários induzindo-os a pensar que existe sangue sendo excretado em conjunto ou que indica a nefrotoxidade da droga, mas como já explicado, isto é um erro. Mesmo não provocando retenção de água e sal a trembolona é conhecida por aumentar a pressão sanguínea de seus usuários, e isto sim pode gerar problemas renais, juntamente com a perda rápida de água causada pelo aumento no metabolismo basal, de forma que durante o uso de trembolona é uma boa pratica checar a pressão sanguínea regularmente e aumentar a ingestão de água.

A questão da toxidade ao fígado causada pela trembolona também tem sido levantada com muita freqüência. No entanto, isso parece ser mais um mito. A trembolona não é um 17aa, logo não deve apresentar riscos ao fígado. A única referência séria que encontrei até o momento afirmando que a trembolona é hepatotóxica foi do autor L. Rea (, porém
recentemente ele voltou atrás no teor da sua publicação e apontou o excesso de álcool benzílico presente em algumas conversões, bem como as soluções não estéreis de Finaplix, como causadores desta toxidade (18).

Alguns usuários sofrem de um ataque súbito de tosse após as injeções de trembolona. Ela se manifesta de forma violenta e incontrolável na maioria das vezes, por um período de no máximo um minuto ou dois, e depois some. Existem usuários que manifestam este colateral todas as vezes que administram a droga, alguns o manifestam exporadicamente e outros sofrem com a tosse raramente ou nunca sofreram. Esta tosse ainda não tem uma explicação definitiva, apesar de existirem várias teorias para explicar este colateral. Uma delas alega que a trembolona possui um mecanismo único que causa bronquioconstrição, porém esse mecanismo não teria uma ação tão rápida para provocar a tosse logo após a injeção de trembolona. Além do mais, esta tosse não parece ser exclusiva da trembolona, já que alguns usuários alegam ter sofrido este colateral ao usar outros EAAs como boldenona ou cipionato de testosterona. Outra possibilidade seria a quantidade excessiva de álcool benzílico presente nas conversões de alguns laboratórios underground. Contudo, sendo esta teoria verdadeira, a tosse ocorreria com o uso de outras substâncias que levam a mesma quantidade de álcool benzílico, como o propionato de testosterona, fato que não acontece. A teoria mais aceita, e que parece fazer mais sentido, atribui este efeito à pureza da droga. A trembolona é uma substância muito difícil de ser refinada (bem como a boldenona e o cipionato de testosterona), então dependendo do grau de sua pureza, a solução contém uma parcela menor ou maior detrembolona oxidada, que seria o agente causador deste colateral, procando uma espécie de anafilaxia. Esta teoria se valida pela experiência de alguns usuários ao relacionar este colateral à cor da solução de trembolona, que quanto mais clara (ou seja, mais pura) menos chances tem de se manifestar.

Infelizmente, a trembolona reduz a produção de T3 (19). Apesar da trembolona ser uma ótima droga para definição, este é um colateral contraproducente. Adicionar T3 exógena ao ciclo é uma pratica eficaz para maximizar os efeitos da trembolona.